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Resumo

As religiões afro-brasileiras foram descaracterizadas, refutadas e preconceituadas por uma sociedade dominante, que luta pela manutenção do status quo (princípio apolíneo), foram atacadas naquilo que mais amedrontava e mais amedronta essa mesma sociedade, a entidade sobrenatural, Exu. Mas por que Exu é a divindade do panteão afro-brasileiro mais criticada e associada ao diabo ou demônio cristão? Seria porque para Ele tudo é possível? Seria porque é contra as injustiças e desigualdades, sejam espirituais, cósmicas ou sociais? Ou seria por ser Exu a encarnação da vontade inquebrantável, permitindo aos homens conseguir tudo de que necessitam? Exu é o indutor da autodeterminação, da quebra de interdições sociais, que limitam a liberdade, por isso dá aos homens acesso aos meios mágicos, religiosos, de melhorar sua sorte. Os mitos de Orunmilá Ifá afirmam que Exu persuadiu a Lua e o Sol a trocarem seus domínios, mudando assim a ordem das coisas, contrário, pois, como se percebe, à manutenção do status quo.

Palavras-chave

Exu Liberdade Magia Orunmilá Ifá religiões afro-brasileiras

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Biografia do Autor

F. Rivas Neto

Francisco Rivas Neto (1950-2018) foi sacerdote das religiões afro-brasileiras durante 50 anos, médico e fundador da OICD (Ordem Iniciática do Cruzeiro Divino), instituição religiosa afro-brasileira. Além disso, fundou e dirigiu a FTU (Faculdade de Teologia Umbandista), primeira e única instituição de formação teológica afro-brasileira, autorizada e reconhecida pelo MEC, em funcionamento de 2003 a 2016. Autor de diversos livros que marcaram as religiões afro-brasileiras, tanto no meio religioso como acadêmico.

Como Citar
NETO, F. R. Exu, magia e liberdade. Estudos Afro-Brasileiros, v. 1, n. 1, p. 122-128, 14 maio 2020.

Referências

  1. COTRIM, Gilberto. Fundamentos da filosofia para uma geração consciente: elementos da história do pensamento ocidental. São Paulo: Saraiva,
  2. 1988.
  3. SANTOS, Juana Elbein dos. Os nagô e a morte: pàde, àsèsè e o culto ègun na Bahia. 14. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2008.
  4. TRINDADE, Liana. Exu. Poder e Perigo. São Paulo: Ícone, 1985.