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Resumo

Aprendemos na escola que a população brasileira foi formada pelos europeus colonizadores, que se mesclaram com os indígenas que aqui já viviam antes da chegada dos portugueses com os africanos trazidos pelo escravismo. Somos ao mesmo tempo brancos, índios e negros. São essas as nossas raízes, às quais mais tarde vieram se juntar povos do Oriente Próximo, do Extremo Oriente e de outras partes do mundo. Somos um povo mestiço, com uma cultura mestiça, mas o assumir dessa identidade só veio a ganhar alguma legitimidade por volta dos anos 20 do século passado, época, inclusive, em que se formaram duas importantes marcas dessa ascendência: o samba, no universo da música popular brasileira, e a umbanda, síntese das diversidade religiosa afro-brasileira. Negros e índios: impossível pensar o Brasil sem essas duas origens. Suas marcas estão na constituição física do brasileiro e também na sua cultura, sobressaindo-se a música e a religião, mas incluindo também dimensões como língua, culinária, estética, valores sociais e estruturas mentais. Mas é nas religiões afro-brasileiras que estão registradas a presença decisiva e a diversidade da contribuição negra. 

Palavras-chave

Religiões afro-brasileiras Caboclos Candomblé de Caboclo

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Biografia do Autor

Dr. Reginaldo Prandi, Universidade de São Paulo

Reginaldo Prandi é professor emérito da Universidade de São Paulo (USP), professor titular sênior do Departamento de Sociologia da mesma universidade, pesquisador 1-A do CNPq e membro do grupo de pesquisa “Diversidade religiosa na sociedade secularizada” do CNPq.

Como Citar
PRANDI, R. A dança dos caboclos: Uma síntese do Brasil segundo os terreiros afro-brasileiros. Estudos Afro-Brasileiros, v. 3, n. 2, p. 471-502, 9 ago. 2022.

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