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Resumo
Contextos coloniais, como é o caso do Brasil, têm sido marcados por uma produção epistêmica que descoloriu as diversidades étnico-raciais dos livros didáticos, dos costumes, das leis e do conhecimento científico, contribuindo para um falseamento da história, da nação e de seus sujeitos. Em decorrência disto, muitos Brasis seguem sendo tratados desigualmente validados por um racismo estrutural, constantemente mascarado e posto como de ações individuais, apesar da falta de políticas públicas efetivas para as populações negras e seus extermínios cotidianos pelo próprio Estado. Para refletir sobre esse imenso passado que se faz presente, trago algumas notas, a partir do caso dos Comitês da Diversidade Religiosa, para afirmar que a sociedade civil organizada tem conseguido ao menos pautar sobre os racismos religiosos, seja no espaço público, seja no âmbito do Estado. Embora sejam ainda pequenos avanços diante de tanto “sangue retinto pisado atrás do herói emoldurado”, entendo-os como parte necessária da luta contra os racismos religiosos, especialmente em contextos políticos de esvaziamento da agenda dos direitos humanos e avanços dos fundamentalismos religiosos.
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